quinta-feira, 16 de maio de 2013

Echinoidea: Ouriço-do-mar

Trata-se de um grupo muito antigo, filogeneticamente relacionado aos Chordata. Há indícios de um longo histórico pré-cambriano, pois parecem ter sido comuns em alguns habitats já no início do Cambriano, há cerca de 600 milhões de anos. É deste período que datam os primeiros registros fósseis do filo, baseados nos restos de um animal pequeno, bentônico, bilateralmente simétrico e que provavelmente se alimentava de material em suspensão na água do mar.

 
O ouriço-do-mar é um equinodermo, tal como as estrelas-do-mar e os pepinos-do-mar, caracterizado pelo esqueleto calcário, que se situa logo abaixo da pele e é formado de uma série de placas unidas entre si sem fissuras. Apresentam pedicelárias, pequenas pinças usadas para afastar da superfície do corpo os organismos estranhos que aí se fixem. As pedicelárias, características de todos os ouriços, apresentam-se de várias formas, normalmente é um pedúnculo longo e flexível cuja ponta apresenta três mandíbulas opostas articuladas que se mantêm fechadas. Os ouriços empregam os vários tipos de pedicelárias para sua defesa, para capturar pequenas presas ou para limpar sua superfície corporal. O tipo mais perigoso, chamada de pedicelária globífera, é encontrado apenas em algumas espécies do Indo-Pacífico e sua função principal é a defesa. As mandíbulas são rodeadas por sacos de peçonha que se abrem por dutos abaixo dos dentes terminais das mandíbulas. Após fechar suas mandíbulas em torno da vítima, a pedicelária não a solta enquanto houver movimento. Assim, quando a vítima é muito forte para ser segura ou contida, a pedicelária é arrancada do corpo do ouriço. Mesmo separada, ela pode permanecer ativa por várias horas e continuar a inocular peçonha, esta exerce rápido efeito paralisante sobre animais diminutos e imobiliza os de pequeno tamanho.

Embora a grande maioria das espécies seja marinha, algumas toleram a água salobra. Podem ser encontradas em todos os oceanos, latitudes e profundidades, da zona entremaré às regiões abissais, sendo mais abundantes na região tropical do que nas águas polares. São predominantemente bentônicos, ocupando diversos tipos de substrato. Umas poucas espécies de holotúrias, porém, são pelágicas. Tendem a apresentar distribuição agregada, sendo encontradas em altas densidades. Em locais onde as condições são favoráveis, o substrato pode ficar totalmente coberto por ouriços-do-mar, ofiuróides ou estrelas-do-mar. Constituem o grupo mais abundante de animais dos fundos marinhos, chegando a compor 90% da biomassa total nas regiões abissais. Muitos são adaptos para se fixar a substratos rochosos, enquanto outros vivem em substratos lodosos, arenosos, ou em madeira submersa.


Os ouriços regulares, que constituem a maioria, têm corpo esférico e de cores variadas (branca, preta, marrom ou lilás-esverdeada). Os ouriços irregulares, revestidos de espinhos muito pequenos, são mais ou menos ovais e achatados. As placas da carapaça, dispostas em fileiras, vão de um ao outro polo do corpo e configuram dez meridianos: cinco sem perfuração e cinco com orifícios pelos quais passa uma série de tubos; os pés ambulacrários. Estes se ligam a canais internos cheios de água que ao ser injetada faz com que os pés se estendam e permitam o deslocamento do animal ou sua fixação a um suporte. 

Alimentam-se basicamente de algas, mas os ouriços-do-mar também nutrem-se de materiais orgânicos, plantas e animais, vivos ou mortos. O aparelho mastigador típico, a lanterna-de-aristóteles, compõe-se de cinco placas calcárias cujas bases se embutem no corpo e cujos ápices se projetam para a face ventral, onde as pontas dos dentes ficam em relevo.  Tais placas são acionadas por músculos que as movimentam para dentro e para fora da carapaça, enquanto outros músculos controlam a ação dos dentes. Os ouriços irregulares alimentam-se de partículas muito pequenas e não têm lanterna-de-Aristóteles.

Um espinho comum, formado por um único cristal de calcita, é afilado, oco, quebradiço e não apresenta nenhuma glândula produtora de peçonha, mas pode possuir uma capa mucosa protetora contendo uma substância irritante. O contato brusco é acompanhado normalmente pela penetração do espinho na pele, produzindo desde uma ferida semelhante àquela ocasionada por uma farpa qualquer até uma lesão dolorosa e grave. Apenas as espécies do Indo-Pacífico apresentam espinhos especiais, cuja ponta está rodeada por um saco contendo uma peçonha bastante tóxica e dolorosa, secretada pelo revestimento epitelial do corpo.
Tanto o sistema circulatório como o excretor são ausentes ou  rudimentares, e a distribuição de materiais faz-se através da cavidade celomática. A excreção é feita diretamente através da água que ocupa o sistema ambulacrário, não havendo nenhuma outra estrutura excretora especializada.  O sistema nervoso é formado por nervo anelar ao redor da faringe e nervos radiais, é rudimentar e não apresenta cefalização. Há células táteis e olfativas em toda a superfície do corpo. As estrelas-do-mar possuem células fotorreceptoras nas extremidades dos braços.   Os ouriços-do-mar possuem brânquias dérmicas, análogas às brânquias periorais dos pepinos-do-mar e também ocupadas por líquido celomático. Os sexos são separados. O aparelho reprodutor é simples e a fecundação é externa: esperma e óvulos são lançados ao mar por contração da musculatura das gônadas, e a fecundação processa-se dentro da água. Nos ouriços-do-mar a larva é equinoplúteus. São animais muito usados para estudos do desenvolvimento embrionário e partenogênese.

  Aspectos Médicos

A penetração dos espinhos comuns na pele humana é sempre traumática. A frequente quebra do espinho dentro da ferida pode, nos casos mais sérios, ocasionar dor, edema e infecção. Os fragmentos que permanecem na ferida podem ser absorvidos pelo organismo ou ser expelidos posteriormente. Granulomas de corpos estranhos provocados pelas substâncias inorgânicas dos espinhos são também comuns e ocorrem três ou quatro meses depois da penetração. Costumam ser indolores, mas podem ser edematosos e císticos. A formação de vesículas hipersensíveis já foram relatadas, mas são incomuns.
Os espinhos com peçonha, das espécies do Indo-Pacífico, podem provocar intensa sensação de queimadura e dor, eritema, edema, sangramento, cefaléia e infecções secundárias. Sintomas sistêmicos como náusea, parestesias, paralisias musculares e problemas respiratórios não são reações incomuns quando há a penetração de vários espinhos. Além disso, o epitélio que recobre as glândulas peçonhentas contém uma substância vaso-constritora, semelhante à noradrenalina, que pode provocar arritmias cardíacas.A picada de uma pedicelária do tipo globífera pode produzir imediata dor irradiada, desmaio, parestesia, paralisia muscular generalizada, perda da fala, distúrbios respiratórios e, nos casos mais severos, a morte. A dor costuma diminuir após quinze minutos e desaparecer completamente depois de uma hora, porém a paralisia pode continuar por seis horas ou mais. Felizmente, no Brasil, não existem registros de acidentes com pedicelárias.

Tratamento

O tratamento da ferida ou lesão provocada pela penetração de um espinho varia de acordo com o tipo (com ou sem peçonha), profundidade da penetração e área do corpo envolvida. Como quebram facilmente, a tarefa de removê-los pode tornar-se complicada, sendo por vezes necessária a intervenção médica e procedimentos cirúrgicos com anestesia local. No entanto, é comum os espinhos permanecerem no local por meses ou mesmo migrar para outros locais, sem apresentar maiores reações do organismo. A primeira medida a ser tomada, quando a penetração é superficial, é tentar remover os espinhos como se faz com uma farpa qualquer.
A imediata retirada cirúrgica, com o auxílio da radiografia e da anestesia, é indicada quando ocorre penetração profunda, devido à friabilidade (fragmentação) do espinho, ou penetração em uma articulação ou próximo dela. Do contrário, poderão ocorrer complicações futuras como processos crônicos inflamatórios (sinovites) ou infecciosos.
 
 

Referencias bibliográficas


Biologia - Série Brasil Vol. Único - Autor: Fernando Gewandsznajder e Sergio Linhares - Editora: Ática. Edição: 1 / 2003. 

Biologia Atual - Seres Vivos - Autor: Wilson Roberto e Paulino - Editora: Ática - Edição: 1996.

Biologia Vol. Único - Autor: Demetrio Gowdak. Editora: Ftd.

Dicas- Saúde do Mergulhador, Marcelo Szpilman. Disponível em: <http://www.oceanicanet.com.br/principal/ShowSecao.asp?var_chavereg=88 > Acesso: 02/05/13

Filo Echinodermata (Equinodermos), Lucas Martins. Disponível em: http://www.infoescola.com/biologia/filo-echinodermata-equinodermos/> Acesso: 16/05/13

The Coral Island - Robert Michael Ballantyne. Disponível em< http://linkedbooks.blogspot.com.br/2012/06/coral-island-robert-michael-ballantyne.html> Acesso: 12/05/13
 

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