O
termo transposon ou elemento genético móvel refere-se a um conjunto de
segmentos lineares de DNA, que são capazes de mudar de posição dentro do
genoma, independentemente de homologia entre a região genômica onde se
encontram inseridos e o local ao qual se destinam.
Geralmente,
eles estão presentes em muitas cópias por célula e essas cópias estão
espalhadas por todo o genoma, ou seja, distribuídos nos cromossomos que compõem
o cariótipo de uma espécie. Dessa forma, infere-se que eles são um dos tipos de
sequencias de DNA repetitivo. O número de cópias varia muito, de algumas poucas
repetições por genoma até centenas dessas.
Os
transposons podem ser reconhecidos por sequencias de DNA relativamente curtas
nas suas extremidades, que são iguais entre si, mas estão em orientação
invertida, denominadas de repetições terminais. A transposição é realizada por
uma enzima chamada transposase, a qual, na maioria dos casos é codificada pelo
próprio transposon. A transposição é iniciada quando um gene que codifica uma
transposase é expresso e o seu RNA mensageiro é traduzido no citoplasma. A
transposase, então, entra no núcleo e liga-se às repetições terminais
invertidas do elemento.
Classificação dos
elementos transponíveis
Os
elementos transponíveis podem ser agrupados em duas diferentes categorias, de
acordo com a existência ou não de um intermediário de RNA durante o processo de
mobilidade no genoma. Os
retrotransposons, ou elementos de classe I, se locomovem via mecanismo de
retrotransposição, ou seja, que transpõem por meio de uma cópia de RNA. As
sequências com capacidade de transposição direta correspondem a elementos que
transpõem por meio de uma cópia de DNA, denominados de transposons ou elementos
de classe II .
Os
elementos transponíveis da classe I, ou retrotransposons, utilizam um mecanismo
de transposição em que primeiro ocorre à transcrição (síntese de RNA a partir
de DNA). Posteriormente, submete-se ao processo inverso, voltando a ser DNA, na
transcriptase reversa. Utilizando-se da integrase, a molécula de DNA integra-se
em regiões dos cromossomos, desde que a cópia original do cromossomo seja
mantida no mesmo local original, este mecanismo causa uma duplicação. Desta
forma, este processo é responsável pelo grande número de cópias de
retroelementos presentes no genoma de diferentes espécies (Böhne et al., 2008).
Embora
o mecanismo de transposição possa variar de um transposon (classe II) para o
outro, o mecanismo mais conhecido é o de “copiar e colar”, em que ocorre a
duplicação do elemento levando ao surgimento de cópias que se inserem em novos
locais. A sequência inicial se mantém no local original e, portanto, a
transposição é acompanhada por um aumento no número de cópias do transposon.
Transposons e Mutações
Diversidade
biológica pode ser definida como uma propriedade de grupos ou classes de
entidades vivas de serem variáveis. A diversidade em formas vivas é introduzida
em uma entidade biológica através de mutações, recombinações e processos
gênicos relacionados. A variabilidade surgida desta forma pode, por meio de seleção,
ser eliminada (como ocorre na maioria das vezes) ou ser mantida graças a um
possível valor adaptativo conferido à entidade que a possui. Dessa forma, a
seleção natural opera diminuindo a variabilidade em uma população em
contraposição às mutações que constantemente introduzem novas variações.
Como os transposons fazem várias
cópias de si mesmo e dispersam no genoma aumentam as chances de ser passado
para a próxima geração, pois, estes são unidades de seleção que podem ter
vários alvos de seleção. Além da seleção dentro da célula pela capacidade de
transposição e replicação, eles podem afetar o valor adaptativo dos indivíduos
que os têm. Além disso, transposons têm propriedade não comum a outras unidades
de seleção: são capazes de transferência horizontal, tornando a resposta
seletiva não restrita pela necessidade de passagem da informação através do
gameta. Assim ao escapar das restrições da transmissão gamética, alguns
transposons adquiriram estratégia notável de sucesso evolutivo, mas sua
evolução ainda depende da interação com alvos de seleção.
Os
transposons podem causar mutações quando eles interrompem um gene, por ocasião
de sua inserção em um novo sítio do genoma, ou quando eles saem de um local
onde estavam inseridos. A inserção de um transposon em um gene pode impedir sua
expressão, principalmente se essa ocorre em um gene codificador de uma
proteína. A expressão desse gene é normalmente bloqueada.
Se
a inserção de um transposon ocorrer nas regiões reguladoras de um gene, essa
inserção pode ocasionar mudanças nos locais onde esse gene é normalmente
expresso, em diferentes tecidos ou órgãos, ou ela pode afetar o nível de
expressão desse gene.
Se
o elemento de transposição está inserido em uma região codificadora de um
determinado gene, a presença dessas sequencias duplicadas pode interferir na
fase de leitura ou adicionar códons extras a sequencia gênica, causando
mutações.
A
inserção de um transposon em um gene, entretanto, frequentemente impede a
expressão do mesmo por uma questão probabilística ligada à degeneralidade do
código genético. Já a excisão do transposon pode restaurar a capacidade do gene
ser expresso, obviamente quando não há perdas de sequencias originais durante
este último processo.
Referências
Alberts, B., Johnson, A.,
Lewis, J., Raff, M., Roberts, K., Walter, P.. Biologia
molecular da célula. Tradução Ana Letícia de Souza Vaz [et al.]. 5ª ed.. Porto
Alegre. Artmed,2010.
ARCHIVE
FOR THE TRANSPOSONS. “Nômades desoxirribonucléicos em alta”. Disponível em:
<http://divulgarciencia.com/categoria/transposons/> Acessado em:
18/04/2013
Böhne,
A., Brunet, F., Galiana-Arnoux, D., Schultheis, C., Volff, J.N. (2008).
Transposable elements as drivers of genomic and biological diversity in
vertebrates. Chromosome Research 16: 203-215.
Feschotte, C., Pritham, E.J.
(2007). DNA
transposons and the evolution of eukaryotic genomes. Annual Review on Genetics
41: 331-368.
GRIFFITHS,
A. J. F.; MILLER, J. H.; SUZUKI, D. T.; LEWONTIN, R. C.; GELBART, W. M.
Introdução à Genética. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. 744 p.
Muito legal o texto. Me ajudou muito.
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