quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ordem Scorpiones (escorpiões)



Os escorpiões, também chamados de lacraus, são pequenos invertebrados do grupo dos artrópodes quelicerados que integram a Classe Arachnida, juntamente com as aranhas (Araneae), ácaros (Acari), opiliões (Opiliones) e outros sete grupos menos conhecidos popularmente. O nome quelicerado (Chelicerata) vem do grego (chele: unha, cerata: cornos) e faz referência ao formato do primeiro par de apêndices em forma de ferrão ou de quela, que todos eles têm. O vocábulo grego skorpios deu origem à palavra escorpião e ao termo latino que designa a Ordem à qual pertencem esses animais: Ordem Scorpiones.
Foram descritas cerca de 1.400 espécies distribuídas sete famílias, sendo a família Buthidae a mais importante, tanto em número de espécies como pelo fato de apresentar espécies causadoras de acidentes humanos.  As diferentes espécies de escorpiões têm tempos de vida muito diferentes. A gama do tempo de vida parece situar-se entre os 4 a 25 anos, tendo sido 25 anos o tempo de vida máximo registado para a espécie H. arizonensis.
Estes animais preferem viver em áreas com uma temperatura entre 20 °C e 37 °C, mas sobrevivem em temperaturas de 14 °C a 56 °C. Perfeitamente adaptados às condições climatéricas do deserto, suportam uma amplitude térmica diária na ordem dos 40 °C.

MORFOLOGIA
Os artrópodes possuem esqueleto externo—o exosqueleto, uma estrutura dura, quitinosa, que reveste seu corpo. Os aracnídeos são artrópodes sem antenas, com quatro pares de patas torácicas e um par de palpos. Respiram por meio de filotraquéias, pulmões foliares. Os escorpiões diferem dos outros aracnídeos por terem palpos compridos, além da característica cauda longa e perigosa. Os palpos funcionam como pinças grandes e poderosas, que podem ser usadas para segurar e dominar suas presas.
Esses animais apresentam corpo dividido em prosoma, ou cefalotórax; e o opistosoma, ou abdome. Essa última estrutura é dividida em mesossoma e metasoma. No primeiro, encontramos cinco pares de olhos, quelíceras, pedipalpos e seus quatro pares de pernas articuladas e um par de pinças no extremo; e no segundo, este de aspecto semelhante a uma cauda, apresenta seu ferrão (telson), glândulas de veneno e ânus.


São muito sensíveis ao tato e ao deslocamento do ar, devido à presença de cerdas muito longas e finas, em todo o corpo onde possuem receptores sensitivos. Os escorpiões também podem possuir maior número de olhos que outros aracnídeos, algumas espécies chegando a possuir até seis pares, embora não seja comum. Localizam a sua presa com o auxílio de pêlos sensoriais, as tricobotrias, que estão situadas principalmente nos palpos e que são sensíveis ao menor movimento do ar. A visão é pouco desenvolvida. Algumas espécies atingem dimensões da ordem dos 30 cm e chegam a capturar até pequenos vertebrados (lagartos, rãs e roedores). 

ALIMENTAÇÃO            

São animais carnívoros e têm geralmente hábitos noturnos e crepusculares, quando caçam e se reproduzem. Sua alimentação é baseada em insetos invertebrados tais como cupins, grilos, baratas, moscas e mutucas, e também de outro aracnídeo, a aranha. Uma curiosidade a destacar é o fato de, quando da escassez completa de alimento, os animais desta espécie praticam o canibalismo para sobreviver.
Os escorpiões conseguem comer quantidades imensas de alimento, mas conseguem sobreviver com 10% da comida de que necessitam, podendo passar até um ano sem comer e consumindo muitíssimo pouca água, quase nada durante sua vida inteira. Eles tem uma forma característica de se alimentarem, usando as suas quelíceras. Estas são umas pequenas garras que saem da boca, muito afiadas, que são usadas para retirar pequenos pedaços de alimento da sua presa e colocá-los na boca. O escorpião só digere alimentos em forma líquida, rejeitando qualquer matéria sólida (pêlo, exoesqueleto, etc.).
Seus predadores naturais são as lacraias, louva-deus, macacos, aranhas, sapos, lagartos, seriemas, corujas, gaviões, quatis, galinhas, camundongos, algumas formigas e os próprios escorpiões.

REPRODUÇÃO

A reprodução da grande maioria das espécies é sexuada, exigindo a intervenção de machos e fêmeas. Porém, algumas espécies possuem reprodução monóica (também chamada partenogênese), não exige a presença de machos. Neste processo, óvulos não fertilizados dão origem a embriões vivos. Na reprodução sexuada, tal como em outras espécies, há uma dança nupcial que antecede o acasalamento. O macho limpa o chão com os pentes e deposita aí uma cápsula contendo espermatozóides (espermatóforo). Em seguida, arrasta a fêmea para cima dos espermatozóides a fim de que ela os receba. Quando tudo termina a fêmea frequentemente come o macho.
O ferrão do escorpião (telson), além de servir para agarrar a presa, se defender, e no acasalamento, inocula na presa um veneno. Este veneno contém uma série de substâncias tais como: neurotoxinas, histaminas, serotonina, enzimas, inibidores de enzimas, e outras. As neurotoxinas agem sobre as células nervosas da presa, com certa especificidade, dependendo do tipo do animal. A ação do veneno é neurotóxica causando dor local com sensação de formigamento adjacente ao local da picada, paralisia dos músculos respiratórios; o que pode levar a morte por asfixia. Como tratamento é administrado o soro antiescorpiônico ou 5 a 10 ampolas de soro antiaracnídico; Anil de lidocaína a 2%, sem adrenalina, até 3 vezes, com intervalo de 1 hora.
Os escorpiões são vivíparos, ou seja, não põem ovos. Podem gerar de 6 a 90 filhotes e o tempo de gestação varia com a temperatura, espécie e alimentação da mãe, podendo estar entre 2 meses e 2 anos. Os filhotes nascem completamente brancos e por meio de parto, através de uma fenda genital. Eles ficam colados ao dorso materno por cerca de 10 a 14 dias até completar-se a primeira muda (quanto mais jovem o escorpião, mais mudas ele fará) até que consigam obter seu próprio alimento sozinho. A idade adulta é alcançada com cerca de um ano de vida.

TELSON

É interessante saber que a toxicidade do veneno de um escorpião pode ser comparada com o tamanho de seus pedipalpos (o equivalente ao braço humano do escorpião); quanto mais robustos os pedipalpos, menos o escorpião utiliza-se do veneno para com suas presas e quanto menores eles forem, mais o veneno do escorpião pode ser letal às suas presas.
O veneno de escorpiões do tipo Tityus Serrulatus, que parece ser o veneno mais tóxico de todos os escorpiões da América do Sul, age sobre o sistema nervoso periférico dos humanos, causando dor, pontadas, aumentando a pulsação cardíaca e diminuindo a temperatura corporal. Estes sintomas, devido ao seu peso corporal, são mais acentuados em crianças, e devido às condições físicas, aos idosos. Todos os escorpiões são venenosos, porém apenas 25 espécies podem ser mortais aos humanos. Sua ferroada assemelha-se em grau de toxicidade da ferroada de uma abelha.
Algumas espécies são dotadas de veneno, utilizando essa substância para capturar e imobilizar suas presas. Em casos extremos, lançam mão deste para defesa pessoal. Apenas 24 espécies são potencialmente perigosas à nossa espécie. Mortes podem ser provocadas em aproximadamente 0,5% dos casos, sendo estas resultantes de paradas cardiorrespiratórias. Idosos e crianças são as principais vítimas.
No Brasil, escorpiões do Gênero Tityus são os de importância médica. Tityus serrulatus, T.bahiensis, T.stigmurus e T.paraensis são os principais, sendo os três primeiros, os escorpiões amarelos, os maiores responsáveis por acidentes. Vale frisar que esses animais não são agressivos, e que os acidentes ocorrem geralmente por distração da vítima, ao calçar sapato com o animal dentro, virar troncos sem luvas, ou pisar em terrenos propícios, sem a devida proteção.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES


  •     Limpar periodicamente os terrenos baldios, próximos às residências; evitar o acúmulo de entulho, pilhas de tijolos, madeiras; não deixar lixo descoberto, procurar enterrá-lo ou ensacá-lo;
  •     Cuidar do jardim, aparando a grama, evitando trepadeiras e folhagens muito densas junto às casas;
  •    Em áreas sabidamente escorpiônicas, mantenha as camas a uma distância mínima de 10 cm das paredes;
  •      Vedar as soleiras das portas e fechar as janelas, se possível com tela, antes do anoitecer;
  •     Mantenha o habitat familiar livre de baratas, que são reconhecidas como um dos principais alimentos dos escorpiões nos centros urbanos.
  •       Crie aves domésticas em zonas rurais, que agem como predadores naturais;
  •     Principalmente em zonas rurais sacudir as roupas e calçados antes de usá-los.    Não virar paus, pedras, ou enfiar as mãos desprotegidas em buracos; 
  •      Andar calçado e usar luvas de raspa de couro para trabalhar em zona rural, ou dependendo do serviço (limpeza de jardim, remoção de madeira, entulho, etc)


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


Aranha F. Os escorpiões e suas relações com o homem: uma revisão. Ciência e Cultura 1988;40(12):1168-72.
Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde, Manual de diagnostico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos, Brasília; Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde; 1998. 131 p.
Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul. Ani-mais Venenosos. Porto Alegre, RS, dezembro 1999. (folder)
Gary A. Polis, The Biology of Scorpions; Stanford University Press; Stanford, CA

Instituto Butantan. Aranhas e Escorpiões. Série Didática 4. SãoPaulo, SP s/d.
Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos.Brasília, 1998, 131p.il.
Pardal, P.P.O e Yuki, R.N. Acidentes por animais peçonhentos:manual de rotinas. Belém, PA. Universitária, 2000, 40p.
Schvartsman, Samuel. Plantas Venenosas e Animais Peçonhentos. 2.ed. São Paulo, SP, 1992.

Um comentário:

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